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Jorge Galindo e Pedro Almodóvar – Pinturas em Colaboração – SNBA

16.06.2022
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A Sociedade Nacional de Belas Artes e a Galeria Fernando Santos têm a honra de convidar para a inauguração da exposição Jorge Galindo e Pedro Almodóvar – Pinturas em Colaboração, no dia 24 de Junho pelas 18H00 no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.
A mostra estará patente até ao dia 16 de Julho de 2022.

Foi Voltaire, o pensador radical do século XVIII, cuja obra tanto haveria de contribuir para a modernidade europeia, quem escreveu algures que os bons espíritos se encontram.
Esse belo axioma, tão cheio de verdade exemplar, tornou-se, com o tempo, num dito popular. Não surpreende, pois, à luz deste princípio elementar, que inevitavelmente Almodóvar e Galindo se encontrassem. O primeiro, antes de tudo como seu colecionador, depois procurando imagens para figurar num dos filmes. O segundo, de uma geração abaixo, admirador do outro, e vendo nessa possibilidade a oportunidade de manifestar a sua admiração genuína, já que a sua geração nasceu culturalmente da nova sociedade mostrada primeiramente por Almodóvar. 

A história que se seguiu é conhecida. O encontro dar-se-ia com facilidade, e rapidamente um comum projecto nasceria desse mesmo encontro. Porque não ampliar, a uma escala monumental, quase de ecrã de pequena sala de cinema de bairro, as fotografias de Pedro Almodóvar para, partindo desse suporte novo, as intervencionar de pintura? 

E o resultado é, a vários títulos notável, tanto para um como para o outro, porque se Galindo experimenta aqui medir-se com uma imagem anterior — o que já havia feito nos seus inícios, ao pintar sobre cartazes arrancados da rua, desejando picabianamente integrar essas imagens nas suas, como numa arena — neste caso tudo opera como se sobre um ecrã, mesmo se fotográfico, vindo dos enquadramentos do cineasta/fotógrafo. E, no caso de Pedro Almodóvar aquilo de que se trata é afinal de reencontrar a possibilidade de ver de repente os seus ecrãs saturados pela invasão violenta, a seu modo soberana, invasora, dessa violência da pintura com a qual ele mesmo sonhou, ao ter feito um cinema todo ele povoado de e construído sobre um desejo de pintura.

Excerto do texto “A Dor e a Glória” por Bernardo Pinto de Almeida