Desde 2007 a produção artística de Alex Dorici é marcada, principalmente, por uma busca e diálogo constantes entre a obra de arte, o ambiente circundante e o público.
Fazendo-se acompanhar de fita adesiva (marcante no seu trabalho), o artista iniciou a sua pesquisa na Street Art, usando espaços urbanos abandonados ou devolutos. Sensível ao consumo frenético e consequente descartabilização do consumido que caracteriza os tempos actuais, Alex Dorici manipula materiais de grandes centros de reciclagem, dando voz ao que parece morto, insignificante ou mesmo feio.
Tendo como objectivo fazer uso de todas as superfícies do espaço onde a obra é instalada – e não esquecendo a busca contínua pelo equilíbrio entre forma, cor e composição – Alex Dorici pretende colocar o visitante no centro de todas as suas instalações. O visitante encontra-se pois numa sala onde as linhas azuis da fita adesiva redesenham as paredes e o chão, num efeito que causa estranheza e desorientação através da criação aparente de sólidos geométricos no espaço, sólidos esses que se estendem verticalmente. O objectivo é analisar o espaço e reformular a área de intervenção.
Já a corda pode ser vista quase como a continuidade tridimensional da fita adesiva. Neste âmbito, há que ter em atenção um aspecto caro ao artista: a luz. A corda utilizada por Alex Dorici nas suas instalações é fotoluminescente e com a passagem do tempo do visitante na sala e progressiva adaptação a esta luz, a luminescência esvai-se e a experiência do público passa assim por uma transformação onde este tenta perceber através dos sentidos (visão), o que terá ocorrido.
A instalação alterna entre o visível e o invisível. Para além disso, o sentido do tacto é também evocado e a tentação de fazê-lo, quase inevitável. Mais uma vez, o artista coloca o espectador no centro do seu trabalho, tornando-o parte da sua instalação e envolvendo-o física e emocionalmente.
O projecto de Alex Dorici contempla várias formas e disposições modulares que resultam num fluxo ininterrupto de concepção e criação. A origem das linhas e geometrias encontra concretização na pintura, na instalação, no site-specific, mas sempre com a intenção de apropriação do espaço, transformação da percepção do mesmo e criação de novos equilíbrios com os quais o observador é confrontado.