CAV – Centro de Artes Visuais / Encontros de Imagem
Coimbra
12.10.2013 – 12.01.2014
O Centro de Artes Visuais apresenta “Smell of Tiger Precedes Tiger” e “Things Still to Come” uma exposição colectiva de André Príncipe e José Pedro Cortes, a inaugurar Sábado, dia 12 de Outubro, pelas 22 horas.
Com curadoria de Albano Silva Pereira, esta exposição apresenta duas séries de fotografias dos fundadores e co-editores da Pierre von Kleist editions. “Smell of Tiger precedes Tiger” de André Príncipe centra-se numa viagem por terra e mar, entre Lisboa e Tóquio, enquanto ”Things here and things still to come” de José Pedro Cortes segue a vida de 4 americanas a viver em Tel Aviv.
“Smell of the Tiger precedes Tiger” estabelece o percurso de uma viagem solitária, de quem procura o conhecimento, de si e do mundo, e fixa em tom de diário os lugares e as pessoas com que o artista se vai cruzando (através da vastidão de 2 continentes – Europa e Ásia), numa sequência quase cinematográfica, concebida para ser lida quer da esquerda para a direita, quer da direita para a esquerda, sublinhando deste modo o carácter circular da viagem (interior).
As duas séries são construídas quase como narrativas de um filme, algures entre o documentário e a ficção. Os dois autores, que trabalham juntos na edição de livros de fotografia desde 2008, seguindo claramente linhas distintas de trabalho, acabam por partilhar afinidades no tipo de aproximação ao real que a obra de ambos convoca.
‘É ver que é ver, bom é dizer: que vi. E ninguém era dono desse silêncio.’
Smell of Tiger Precedes Tiger e Things Here and Things Still to Come, as duas séries fotográficas apresentadas, dão conta de que André Príncipe e José Pedro Cortes não viajam só com os pés; é primeiro com os olhos que percorrem o abismo e com eles nos mostram outros – outros silêncios.
Esta é uma viagem de ver, desatino vagaroso: a imagem dos percursos ata o dia da partida ao da chegada, traz para perto o que se viu bem longe. Desvela-se uma realidade desenhada apenas nos indícios narrativos que a presença do fotógrafo espoleta, da relação deste com a cidade, com os seus segredos intrínsecos. A fotografia é aqui o fio pelo qual se nos mostram os limites entre a cidade e o habitar.
Cidades-abismo desenham-se pelo olhar de André Príncipe, no desolamento de uma rede traçada no dia-a-dia dos afectos – abismo-solidão. Enovelam-se as imagens de uma viagem que ressoa nas relações, afinal um olhar-âncora, que encontra no outro a redenção da urbe.