Tàpies
Obra Gráfica
6 Novembro a 23 Dezembro 2010
Antoni Tàpies nasce em Barcelona em 1923, oriundo de uma família burguesa, culta e catalanista, envolvida desde meados do século XIX numa tradição editorial e livreira que desperta muito cedo no artista um especial amor pelos livros e pela leitura.
Progressivamente dedica-se com maior intensidade ao desenho e à pintura, e acaba por abandonar os seus estudos de Direito para se entregar plenamente à sua paixão.
Na década de quarenta Tàpies já expõe as suas obras que se destacam no panorama artístico da época.
Durante os anos cinquenta e sessenta, Antoni Tàpies criará uma série de imagens, geralmente extraídas do ambiente que o rodeia, e que irão surgir nas distintas etapas da sua evolução. Muitas vezes, uma mesma imagem, além de aparecer representada de diversas formas, terá uma série de sentidos diferenciados que se irão sobrepondo.
A sua mensagem centra-se na revalorização do que se considera menor, repulsivo, material (não é em vão que Tàpies diversas vezes escolhe temas tradicionalmente considerados desagradáveis e fetichistas, como um sapato abandonado, uma axila ou um pé.
Ainda assim, a obra de Antoni Tàpies foi sempre permeável aos acontecimentos políticos e sociais do momento.
Em finais dos anos sessenta e inícios dos anos setenta, o seu compromisso político contra a ditadura intensifica-se, e as obras desse período têm um forte carácter de denúncia e protesto.
Coincidindo com o florescimento da arte povera na Europa e do pós-minimalismo nos Estados Unidos da América, Tàpies acentua no seu trabalho o uso de objectos, não os mostrando tal como são, mas imprimindo-lhes o seu cunho e incorporando-os na sua linguagem.
No inicio dos anos oitenta, uma vez restaurado o estado de direito em Espanha, o interesse de Tàpies pela tela como suporte adquire uma força renovada.
Durante estes últimos anos, Antoni Tàpies consolidou uma linguagem artística que, por um lado, traduz plasticamente a sua concepção da arte, e por outro lado, as suas preocupações filosóficas renovadas com o passar do tempo. A sua prática artística permanece permeável à brutalidade do presente, oferecendo ao mesmo tempo uma forma que, apesar da sua ductilidade, permanece fiel às suas origens.
Neste sentido, as obras dos últimos anos não só são plenamente contemporâneas, como igualmente são um registo do passado do artista.
Paralelamente à sua produção pictórica e escultórica, e desde 1947, Tàpies foi desenvolvendo uma intensa actividade no campo da obra gráfica.
Neste sentido, vale a pena destacar que o artista concebeu um grande número de álbuns e livros de coleccionador em estreita colaboração com poetas e escritores como Alberti, Bonnefoy, Du Bouchet, Brodsky, Brossa, Daive, Dupin, Foix, Frémon, Gimferrer, Guillén, Jabès, Mestres Quadreny, Mitscherlich, Paz, Saramago, Takiguchi, Ullán, Valente y Zambrano, entre outros.
Mais ainda, Antoni Tàpies desempenhou também o papel de ensaísta dando lugar a uma série de publicações, algumas traduzidas em vários idiomas: La práctica del arte (1971), El arte contra la estética (1977), Memoria personal (1983), La realidad como arte. Por un arte moderno y progresista (1989), El arte y sus lugares (1999) y Valor del arte (2001).