Nesta série de trabalhos que aqui se apresentam, no que se procurou ser uma selecção representativa, significativa e sugestiva, Avelino Sá volta a questionar as possibilidades da pintura, nomeadamente da pintura que acolhe o texto, não apenas no plano da criação como também da recepção da obra e consequente atribuição de sentidos.
Esta indicação de série é essencialmente temática e de certo modo esquemática, na medida em que remete para um dos eixos da obra e da leitura crítica de Walser: o do Território do Lápis e/ou do Micrograma.
Avelino Sá, leitor de Robert Walser. O cruzamento de alguns dos temas aqui convocados em torno das relações natureza/paisagem, da busca/perda, do texto/imagem, antecedem este conjunto de trabalhos de Avelino Sá, numa vontade singular de actualizar continuamente expressões e discursos; também a técnica da encáustica surge como factor de convergência na sua obra, não apenas por ser transversal à mesma mas também por representar a possibilidade de trabalhar e circular entre os interstícios estruturais do desenho, da pintura e da escultura.
Mariana Gaspar (excerto do texto relativo à exposição “Bleistiftgebiet”, Alvito, 2019)