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“Hoje soube-me a pouco” – José Loureiro, Maria José Oliveira, Pedro Cabrita Reis no MAAT

23.04.2024
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Entre 24 de Abril e 26 de Agosto de 2024, como parte das celebrações do 50º aniversário do 25 de Abril de 1974, o MAAT leva até ao público a exposição “Hoje soube-me a pouco” que reúne um grupo de artistas – entre os quais José Loureiro, Maria José Oliveira e Pedro Cabrita Reis – cujas obras deixaram uma marca no período após o nascimento da democracia portuguesa. Este foi um período de transformação política e social, mas também de uma efervescência artística significativa, que destacou o empenho dos artistas em forjar caminhos altamente idiossincráticos e independentes das utopias coletivas abertas pela revolução. As suas obras, portanto, são consideradas como uma das heranças culturais mais ricas do próprio processo de abertura da sociedade portuguesa. Além de apresentar diversas figuras proeminentes da arte contemporânea portuguesa das décadas de 1970 e 80, a exposição também conta com a participação de artistas das gerações mais recentes. Estes continuam a expandir os legados criativos e as tendências que surgiram após 1974, enriquecendo ainda mais o panorama artístico nacional.

Partindo da rica Coleção de Arte Fundação EDP e complementada por obras de outras coleções privadas e institucionais, bem como algumas peças inéditas, a exposição destaca diversas linhas de desenvolvimento desencadeadas pela transição democrática em Portugal. A exposição privilegia a expressão da introversão dos artistas, revelando as suas singularidades através da exploração de pulsões narcísicas, inquietudes, emoções e fantasias pessoais, todas criticamente afirmadas no espaço comum. Além disso, ela evidencia a emergência de novas temáticas e imaginários, como os ficcionais, feministas e especulativos, sinalizando a fragmentação das narrativas dominantes. Há também uma renovada atenção às matérias do quotidiano, incluindo figuras, situações, objetos e intimidade, bem como uma clara expansão dos procedimentos criativos. Isso se manifesta em experimentações nos meios e materiais, frequentemente através da recoleção, do serialismo e da hibridação das disciplinas artísticas. Por fim, “Hoje soube-me a pouco” explora o interesse pelas questões e limites da linguagem, optando por posturas retóricas como a ironia, a paródia e a alegoria, que realçam o caráter paradoxal da obra de arte em relação à realidade e ao espetador.

Curadoria de João Pinharanda e Sérgio Mah.