João Louro
Grand Prix
17 Setembro | 29 Outubro
Esta é uma exposição sobre estradas. E curvas.
É sobre a meta e onde tudo é velocidade neste tempo imóvel.
E o automóvel de corrida que vai cortar a meta é onde eu estou, sozinho, ao volante, nas 24 horas de Le Mans.
E olho para o lado. E nesse micro-segundo descubro o acidente inicial e quero ser o lado de fora.
Quero ser a berma, o cão vadio ou o vagabundo e ir para o sitio onde a velocidade abranda e o tempo avança.
Nesse sítio de fora vejo a máquina a passar num vroooommm descendente de “efeito doppler” e sou o espectador. Sou o que propõe.
Sou aquele que propõe a possibilidade que alguns suspeitam existir (ainda que, por pudor, eu nunca o tenha dito claramente)
Grand Prix é a recta com uma curva no fim.
É onde está a berma, o cão vadio e o vagabundo a olharem, velozmente, a fotografia do automóvel em alta velocidade num “freeze” desfocado. E é esse ponto final no cruzamento do tempo-parado-automóvel-de-corrida o sítio da velocidade máxima da recta da meta (sim, esse é o segredo)…
Agradeço ao Juliano Garcia Pessanha, escritor brasileiro, “meu familiar”, ter-me recordado onde está a “berma”, o “cão vadio” e o “vagabundo”.
João Louro, 2011
Breve Nota Biográfica:
João Louro (1963) vive e trabalha em Lisboa.
Estudou Arquitectura na Faculdade de Lisboa e Pintura na Escola de Arte e Comunicação ARCO.
O corpo de trabalho de João Louro engloba pintura, escultura, fotografia e vídeo. Natural descendente da arte conceptual e minimal, João Louro procura ultrapassar o paradigma romântico dando protagonismo ao papel do espectador. É, segundo ele, a figura chave para completar a obra de arte.
Um dos principais objectivos da sua obra é a reorganização do universo visual. O outro assunto prioritário é a linguagem, em todas as suas potencialidades e aspectos.
João Louro foi convidado pela Maria del Corral a participar na Experiência da Arte, no pavilhão italiano, durante a 51ª Bienal de Veneza. E as suas mais recentes exposições incluem Blind Runner, Centro Cultural de Belém, Lisboa (2004); Insite 05 – Art Practices in the Public Domain, San Diego/Tijuana (2005); Big Bang, Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa (2007); LA Confidencial, Christopher Grimes, Los Angeles; Johnny Cash, Roy Orbison e Elvis Presley, Galeria Fernando Santos, Porto (2008), Smoke and Mirorors, Cristina Guerra Contemporary Art (2011); My Dark Places, MACRO – Contemporary Art Museum of Rome and The Great Houdini, Centro de Arte Contemporânea de Bragança (2010); The Hustler, Centro de Artes Visuais, Coimbra e Running with Bonnie & Clyde, Museu do Caramulo (2009)
O seu trabalho está representado em importantes colecções, tais como: Arco Collection Foundation, Madrid; Margulies Collection, Miami, Florida; Fundación / Colección Jumex, México, Museu de Serralves, Porto, Helga Alvear Collection, Espanha, entre outras.