02.10. – 19.12.2010
Look Up! Natural Porto Art Show
No âmbito do programa Porto Show Time promovido pela ANJE
Trata-se de um projecto multidisciplinar com direcção-geral de Fernando Santos e direcção artística de David Barro que, entre 2 de Outubro e 19 de Dezembro, explora o conceito de sustentabilidade na arte, na arquitectura e no design
Vão estar em exposição, em espaços emblemáticos da cidade, obras de artistas como Pedro Cabrita Reis, Lawrence Weiner, Wolfgang Winter & Berthold Hörbelt, Richard Long, Gerardo Burmester, João Louro, Bernardí Roig, Alberto Carneiro, Julião Sarmento, João Louro, Noé Sendas ou Rui Sanches, entre outros.
A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários promove, entre 2 de Outubro e 19 de Dezembro, o evento artístico Look Up! Natural Porto Art Show.
Trata-se de uma das quatro acções âncora do programa Porto Show Time, uma iniciativa com a qual a ANJE se propõe reunir diferentes agentes das Indústrias Criativas da região Norte e, deste modo, gerar um movimento que dinamize actividades criativas e inovadoras numa lógica de valorização económica, internacionalização, revitalização do território e desenvolvimento cultural.
Neste sentido, o Look Up! Natural Porto Art Show assume-se como um projecto artístico multidisciplinar que, a partir de locais emblemáticos da cidade do Porto (Alfândega, Casa da Música, Palácio das Artes, Palacete Pinto Leite, Palácio da Bolsa, Reitoria da Universidade, Jardim do Palácio de Cristal e Aeroporto Francisco Sá Carneiro), explora o conceito de sustentabilidade na arte, na arquitectura e no design.
O Look Up! Natural Porto Art Show é um projecto com vocação sustentável que tem como objectivo criar ligações artísticas, culturais e sociais com a cidade do Porto. Idealizado pelo galerista português Fernando Santos e pelo crítico de arte espanhol, David Barro, que exerce também as funções de comissário desta edição, o Look Up! Natural Porto Art Show pretende consciencializar a comunidade para os benefícios sociais, económicos e ambientes que advêm da prática da sustentabilidade.
Para tal, o evento prevê intervenções artísticas no espaço público assim como em edifícios emblemáticos da cidade, tais como o edifício da Alfândega, a Casa da Música, o Palácio da Bolsa, o Palácio das Artes, o Palacete Pinto Leite, a Reitoria da Universidade do Porto e o Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
A Cidade do Porto vai, deste modo, poder fruir de obras de artistas internacionais contemporâneos tão relevantes como Lawrence Weiner (EUA), Wolfgang Winter & Berthold Hörbelt (Alemanha), Richard Long (Reino Unido), Bernardí Roig (Espanha), Anselm Kiefer (Alemanha), Jonathan Meese (Japão), Marepe (Brasil), Dias & Riedweg (Brasil), Marlon de Azambuja (Brasil), Jean-Marc Bustamante (França) ou Julian Opie (Reino Unido); bem como dos portugueses Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Alberto Carneiro, Gerardo Burmester, João Tabarra, Baltazar Torres, Noé Sendas, João Louro, entre outros.
O Look Up! Natural Porto Art Show procura ser uma tomada de consciência dos benefícios sociais, económicos e ambientais que nos deveriam levar a trabalhar com critérios de sustentabilidade. Mais directamente, propõem-se uma série de reflexões sobre as implicações de ser sustentável nos livros produzidos para o evento; enquanto de maneira mais aberta, as exposições preparadas para o Look Up! abordam a problemática do indivíduo submerso no abismo do contemporâneo e procuram analisar como o ser humano habita os espaços da contemporaneidade assim como as consequências dessas acções.
Para o presidente da ANJE, Francisco Maria Balsemão, o Look Up! Natural Porto Art Show “é um projecto que proporciona ao Porto e ao país o contacto com alguma da melhor arte contemporânea, tendo a vantagem acrescida de incorporar uma mensagem de sensibilização para a sustentabilidade. Creio ser uma forma bastante feliz de continuar com o programa Porto Show Time, isto depois da acção inaugural “Design Manifesto”, na medida em que o Look Up!, para além da qualidade artística que lhe é intrínseca, confronta a arte com as vantagens económicas, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável”. Neste sentido, “o evento vai ao encontro de uma das preocupações da ANJE na promoção das Indústrias Criativas: converter a criatividade em factor de competitividade e sustentabilidade, de forma a valorizá-la economicamente”, acrescenta Francisco Maria Balsemão.
Exposições
O projecto está articulado em dois níveis. Por um lado, num primeiro nível, temos as mostras, as intervenções e as actividades programadas para o Look Up!, criadas especificamente para este evento. Dentro do projecto estão as exposições Abismos Contemporâneos I (Palácio das Artes – Fábrica de Talentos, na Fundação da Juventude), Abismos Contemporâneos II (edifício da Alfândega), Olhares mutilados (Atelier Paulo Lobo) e Lugares de incerteza (Palacete Pinto Leite).
Além disso, haverá também uma série de intervenções e instalar-se-ão obras em espaços-chave da cidade cuja presença provoca rupturas nas convenções aferidas aos usos das instalações ocupadas e abrem possibilidades para a reflexão nos próprios centros da actividade quotidiana. Os lugares escolhidos para estas intervenções agrupadas com o título de Interferências são a Reitoria da Universidade, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, o Atelier Paulo Lobo, a Casa da Música, o Palácio da Bolsa, o Palácio de Cristal e o Palacete Pinto Leite.
Revelar o Porto
O segundo nível é constituído pela secção Porto Revelado, que tem por objectivo projectar como se pode tornar visível a cidade valorizando não apenas o novo mas também o que já lá está. Trata-se, em suma, de revelar o revelado, de optimizar os recursos e de gerir os projectos visando recuperar a parte ética e sócio-culturalmente responsável da criação a partir da consciência do sustentável, procurando desenvolver-se no âmbito simbólico que se dá entre ambas. Assim, o Look Up! Natural Porto Art Show contemplará um mapa-guia da arquitectura do Porto com elementos de interesse internacional, um mapa de escultura pública contemporânea no Porto e referências a lugares relevantes pelo seu interesse estético ou pelas actividades culturais que acolhem.
Produção sustentável
Ao desafio criativo acrescentamos dois outros grandes desafios: reduzir o impacto de todos os produtos e obras no meio ambiente sempre que seja possível e educar para uma cultura esteticamente sustentável. Neste sentido, à exigência de rigor formal e conceptual acresce a exigência de uma produção mais responsável, que neste período de crise económica supõe aproveitar todos os recursos disponíveis para esse fim. A cidade do Porto pode orgulhar-se de estar na vanguarda da arte contemporânea, da arquitectura e do design e o Look Up! Natural Porto Art Show procura tornar tudo isso palpável. Isto é, tornar visível a cidade, gerar novas propostas que permitam ensinar a ver o que já existe e compreender o movimento como centro da acção do cidadão contemporâneo.
Além disso, a partir do lema ‘Re-Use’, toda a produção gráfica de Look Up! adopta uma estratégia de boas práticas combinadas com uma eficaz estratégia de projecção da mensagem. Os dois livros que estão a ser produzidos para o projecto terão um certificado do Conselho de Administração Florestal (Forest Stewardship Council, FSC), que assegura que os produtos e processos de fabricação cumprem uma série rigorosa de critérios de sustentabilidade. Do mesmo modo, o folheto realizado para o projecto funcionará, ao mesmo tempo, como contracapa dos livros se atendermos às dobras existentes, atribuindo-lhe deste modo um duplo uso, a partir de um papel sintético flexível que não se rasga e que permitirá, pelas suas características e design, um terceiro uso uma vez concluído o projecto Look Up! que estará disponível no site.
Sob a premissa de fazer reflectir os consumidores e leitores deste evento cultural através da mensagem mas também dos factos, o comissário geral do projecto, David Barro, escreveu um ensaio que aprofunda muitas das questões que poderiam responder à pergunta do que é a sustentabilidade. Barro assinala como o “efeito prestígio” ganha espaço sobre o “efeito da propriedade” e nas dificuldades e problemas que a ânsia de progresso geraram ao longo da história. Assim, incide o desafio que se supõe para um bom designer o facto de trabalhar de uma forma criativa o fim de um produto e não somente o seu primeiro sentido, recorrendo no livro a alguns exemplos de acções pioneiras e à necessidade de consumir melhor a partir da reflexão sobre o nosso consumo. No ensaio dá pistas de como construir um futuro sustentável e de como caminhamos face a uma nova era energética que ao mesmo tempo que flúi paralela à irreversível mudança do paradigma económico mundial, uma nova visão económica que tenderá a acompanhar-se de uma visão social mais distributiva, poderia levar-nos a pensar numa terceira Revolução Industrial.
Para Barro, “mais do que reciclar devemos pensar em que segunda ou terceira vidas poderá ter esse produto e se verdadeiramente valerá a pena. No caso de um edifício deveríamos pensar em construções que funcionem como árvores e que sejam capazes de produzir mais energia do que aquela que consumem; no caso de produtos, que sejam capazes de decompor-se para se converterem em nutrientes para a terra ou alimentos para plantas ou animais; no caso de um folheto, como o que foi desenhado para Look Up!, que funciona em primeiro plano como contracapa dos livros, que seja capaz, por exemplo, de reincorporar-se num outro ciclo industrial, mais, de reinventar-se como matéria prima de qualidade para outro novo produto”. Seguindo as teorias que o arquitecto William McDonogh e o químico Michael Braungart desenvolvem no seu livro Cradle to Cradle, David Barro incide na importância da reutilização, o processo de upcycling mais ainda do que o conceito comum de reciclagem de baixo perfil, onde os produtos reciclados perdem valor nesse progresso virtual face a uma segunda vida, mais ainda quando em muitos casos de reciclagem se gasta muita energia ao processar matérias-primas, o que aumenta o risco de desenvolvimento de matérias tóxicas, salvo quando os materiais tenham sido concebidos especificamente para se converterem em alimento da natureza.
No seu ensaio, David Barro, insiste na necessidade de mudar o modelo industrial contemporâneo que se baseia que tem a ênfase ‘do berço à tumba’ por um modelo baseado ‘do berço ao berço’, e fá-lo com o exemplo e perguntando-se como se deve desenhar um livro no século XXI tendo em conta critérios de sustentabilidade, incidindo na importância de tomar decisões responsáveis ao escolher os materiais e os processos necessários para obter o produto final. Barro assegura que “não é mais ecológico aquele que mais recicla do que aquele que menos destrói”.