Fechar

Manuel Amorim – Close-Up

17.04 29.05.2010
Galeria Fernando Santos (Espaço Padaria Independente)
Partilhar

Manuel Amorim
Close-Up

Espaço Padaria Independente
17 Abril a 29 Maio 2010

Manuel Amorim (Lisboa 1950) instala-se em Paris em 1970.
Em 2009 regressa a Portugal.
Actualmente vive e trabalha no Porto.
Nos anos parisienses Amorim autodidacta, em diálogo constante com outras formas de arte e representação, frequenta assiduamente ateliers de artistas como Vieira da Silva, A.Szenes, Bram Van Velde, Alechinsky, Michel Haas, J.M. Broto, os fotógrafos A.Morain, J.M. Del Moral, entre outros… Conhece Louise Bourgeois, J. Schnabel, J.M.Sicilia, Aki Kuroda, Thomas Shliesser, James Brown…
Manuel Amorim, destaca-se na pintura como um artista cujo percurso, longamente vivido e reconhecido fora, se afirma pela via da coerência e fidelidade a uma ideia muito pessoal do que é pintar.

A sua obra é-nos dada de uma forma existencial e enigmática…

Com uma serenidade contagiada por vezes com ironia e humor, o artista precipita o espectador numa aventura singular de percepção plástica: território ligado à “metafísica” e a tudo o que toca à “anima” (absoluto, perigoso, tabu e mágico…).

As imagens, ligadas por uma corrente subterrânea a um Romantismo sem “pathos”, partem à conquista de ver um pouco mais claramente de que maneira o Homem sente a sua “alma”; momento em que o “Homem que pensa” regressa à função original do seu ser… Ao ponto em que produzir e saber têm a mais estranha relação e, se abismam na contemplação deste primordial fenómeno…
Envolto(s) na(s) sua(s) “matéria(s)-pele(s)”, a(s) figura(s) antropomórfica(s) – o espaço pictórico inteiro – é transmutado num organismo de memória e prospectiva onde se cruzam a unidade conceptual de grande depuração plástica (densidade e tensão das matérias) e, em contraponto, uma secreta comunhão com um “sagrado” de registo trágico-cómico.
Como escreve Maria Zambrano: “…Tratar adequadamente da alma, fabricar uma rede própria para apanhar a fugidia realidade da psique”.

Em Close-Up, Amorim numa súbita mudança de perspectiva, aproxima-se ainda mais deste ser que é o centro das suas atenções; focando em grande plano a sua “cabeça” que, ocupando todo o espaço da tela, ofusca ironicamente os espaços plásticos à volta e engendra uma cartografia de “cabeça-cosmos”, desdobrando-se em múltiplos eus de um único corpo.
Nesta ambiguidade, o dentro e o fora perdem o sentido e a pintura estabelece uma relação orgânica já presente nas suas séries anteriores e, a mesma vontade de desconstrução/reconstrução isto é, de constante metamorfose…
Se por um lado, e após as séries mais recentes Heart(s) e Eye(s), Amorim parece aproximar-se do âmago da sua questão principal: o Homem, explorando a sua representação de uma forma cada vez mais incisiva e aproximada, e usando agora a cor de forma mais “vivida” (com densos e luxuriantes verdes, vermelhos, azuis, laranjas e roxos) , por outro lado também se agrava a tensão entre a figura e o espaço, mantendo-se esta “velada”, como se de um raio-x se tratasse, como se de uma ausência se tratasse ou de um corpo que tivesse desaparecido…