Manuel Baptista
Zonas de Sombra
3 Março a 17 de Abril 2007
″(…) O fio condutor da obra parte dos desenhos que conduzem aos “relevos monocromáticos” e que subentendem a composição necessária, muitas vezes geométrica.
Tendo como base o desenho, que vai normalmente buscar ao seu arquivo, as pintura e objectos que produz têm sempre uma composição própria.
Tratam as formas que o desenho propõe, concentrando-se nos planos que as sustentam. Baptista admite, aliás, que no desenho é mais livre, mais ousado, e que é com base nele que pensa as estruturas que os outros suportes recriam com mais materialidade, invadindo o espaço real, alimentando-se dele.
Atravessando um leque de práticas, o artista passa do plano imaginário à associação inusitada da pintura e da escultura, porque o espectador deve movimentar-se em função da obra. Se o desenho é a constituição mental de um espaço, as obras tridimensionais são a exploração desse mesmo espaço. A obra vai alcançando cada vez mais corpo, vai convocando o espaço real das sensações. Arrasta o desenho para outros suportes, como se lhe quisesse conferir uma presença mais forte. Há uma conjugação fértil de diversos planos da mesma obra.
Assim, a pintura/escultura que agora produz, tanto remete para o posicionamento do espectador em função do espaço, como para um espaço mental que o “interior” das peças, pelas suas diversas camadas e virtualidades, recria.
Não é, de todo, uma obra discursiva, é uma obra que dá vida à forma, e que é testemunho de uma forma de vida. (…)”
Joana Neves, 2002 “A Vida da Forma é uma Forma de Vida”
in catálogo da exposição “Zonas de Sombra”, Galeria Cristina Guerra, Lisboa, 2002