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“Natureza Paralela” de Manuel Baptista

01.07.2023
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A exposição “Natureza Paralela” que se desenvolve nos espaços do Museu de Faro e da Galeria Trem, percorre sete décadas de intensa prática artística do artista Manuel Baptista recentemente falecido (1934-2023).

Há questões sempre presentes nas obras de Manuel Baptista como a matéria, a forma, o volume, a cor, a luz e a sombra, bem como o equilíbrio entre desenho, escultura e pintura, entre geométrico e orgânico, entre abstração e representação do mundo exterior.

O título desta exposição, “Natureza Paralela”, tem origem num poema de Fiama Hasse Pais Brandão e adequa-se às linhas de investigação e trabalho de Manuel Baptista. Algumas das obras mais antigas são uma longa série de aguarelas relativas às falésias do seu Algarve natal, falésias essas que se debruçam sobre praias ou arbustos e vegetação. Algumas das obras apresentam-se mais abstractas, mas nunca perdem a sua referência identificativa e vão-se revelando em desenhos, projectos escultóricos ou pinturas das décadas seguintes.

A sua referência ao real manifesta-se igualmente na atenção colocada em objectos do quotidiano que depois originam temáticas como as “camisas com gravata”, a “mesa posta”, o “envelope” ou o “novelo”. O real está também presente no uso de materiais como a corda, tubos de néon, réguas de metal, plexiglass, etc.

A par desta linha de trabalho, a obra de Manuel Baptista também enveredou pelas questões abstractas das formas e dos volumes, algo que podemos ver na sua exploração de triângulo, círculo ou esfera, cilindro e cone. Estas soluções, porém, nunca são puras e estão sempre em relação com superfícies irregulares que criam jogos de luz e libertam o gesto performativo do desenho.