Nikias Skapinakis
Quartos Imaginários II
Project Room
6 Novembro a 23 Dezembro 2010
“Os Quartos Imaginários desenvolvidos a partir de 2001 descendem, de um ponto de vista formal, da série “Paisagens Imprevistas”, das quais conservam um espaço delimitado pelo desenho a negro.
Embora, em alguns casos, integrem elementos iconográficos, projectam, sobretudo, um ambiente relacionado com a minha interpretação da vida e obra de autores – pintores, poetas, escultores – que especialmente aprecio e que gostaria de ter conhecido.”
Nikias Skapinakis
A primeira série de “Quartos Imaginários” foi apresentada em 2005 na Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva em Lisboa e repetida na Galeria Fernando Santos no Porto.
Do respectivo catálogo constam textos de Michel Butor, Vasco Graça Moura e Bernardo Pinto de Almeida.
A série integrou o filme de Jorge Silva Melo “Nikias Skapinakis – O Teatro dos Outros” realizado em 2008 para a RTP2 e editado em DVD pela MIDAS.
A segunda série, agora apresentada, é constituída por peças posteriores às exposições referenciadas (2006) e do catálogo desta segunda série consta texto de Fernando Rosa Dias de que publicamos um excerto:
“O atelier e o quarto são lugares peculiares de produção do imaginário, lugares de suspensão da quotidianidade e de formulação e abertura de uma dimensão onírica e mítica (que se apresenta com predominâncias tanto mitográficas como mitológicas, tanto em imagem como em discurso), portanto, um imaginário produzido que, por seu lado, é produtor e agente da criatividade…
São, por princípio, lugares de intimidade que obrigam a um determinado pudor de privacidade.
Há um similar acto de intrusão, na invasão seja de um quarto de outro, seja num atelier de outro.
Nikias caminha entre estes dois refúgios e sonhos: do refúgio do seu atelier abre-se a uma evocação do refúgio do quarto de outro.
A anuência para tal intrusão encontra-se na escolha afectiva que está no desejo de comunicar com o sonho do outro.
A intimidade do corpo, do sono e do sonho (quarto) é análogo ao da intimidade da criação e da imaginação (atelier): «O quarto funciona como um atelier embrionário», afirmou Michel Butor num espaço de reflexão sobre os quartos de Nikias expostos numa Casa-Museu que tinha sido atelier e, certamente, também quarto de um famoso casal de artistas (Arpad Szènes-Vieira da Silva) e aí expôs-se, entre outros, mas com sentido específico, um dos títulos da série: O Quarto Secreto de Vieira e Arpad (2005).”