Paulo Barros
Fragmentos e Aparas
Espaço 531
17 Janeiro a 28 Fevereiro 2009
FRAGMENTOS E APARAS
de desenhos
Fragmentos e aparas de desenhos, concretiza esta experiência do desenhar, traçar, pintar, rasgar, desbastar, separar, acrescentar, cortar, colar e repetir de novo todo o processo, como se de um vírus se tratasse.
Confidencio assim, o desabrochar destas obras, que balizam um percurso no meu passado, utilizando metodologicamente, um código fracturado pela petição deste meu processo, tentando nunca forçar a linguagem destes corpos a um sentimento de desconforto, e descodifico pela generosidade do meu tempo a experiência aqui deixada.
Esta impressão de estar novamente animado.
A pele corrosiva destes desenhos híbridos oferece, com satisfação acrescida, o contacto com esta possibilidade estética, que aparentemente vislumbra o caos, análogo à organização da sua própria função, vencendo a fronteira do desenho. Aqui semeio parte de pequenos estilhaços, de fragmentos e aparas dos desenhos dos meus diários , que utilizo como inscrição do meu ser. Aqui risco e arrisco, criando uma cadência de desenhos, testemunhos e apontamentos alusivos à minha passagem efémera, que assume os diferentes tipos de formas, cores e texturas dos distintos momentos que cruzo ao longo do tempo.
Esta densidade visual, aliada à sua dimensão desmesurada parece criar um padrão caótico, e pela sua cor cáustica cria um ritmo dinâmico e electrizante, resultado da acumulação de matéria e informação dos dias vivos que me vão pulsando.
Paulo Barros, 2008
Paulo Barros, (Paris, 1973) é um jovem artista com formação base na ESAD das Caldas da Rainha, e formações adicionais em fotografia, tipografia e design, vídeo, cerâmica, ilustração e gravura entre outras
É, desde 2002 docente de Educação Visual e Tecnológica e Expressão Plástica.
Tendo iniciado a carreira expositiva no ano de 1995, e dotado de uma enorme polivalência, Paulo Barros dedicou-se igualmente a projectos tão amplos como, colaborações e/ou participações em cinema (ICAM), design, ilustração, teatro e performance.
Colaborando pela primeira vez com a Galeria Fernando Santos, esta exposição é o culminar de um longo e riquíssimo processo quase compulsivo de recolha de excertos e extractos de desenhos.
Paulo Barros descreve-se como um explorador e experimentalista sendo que é esta, para si, diz, a mais alegre possibilidade de existência. Um descobridor e viajante de mentes, enquanto coleccionador de todos os tipos de sonhos e mundos.
Feliz por estar vivo…