Pedro Cabrita Reis
Paisagens
05.11.2011 | 23.12.2011
Após o sucesso incontornável da exposição One after another, a few silent steps, exposição de cariz quase antológico (desde 1985 até à actualidade) onde se pôde apreciar mais de 300 Obras (algumas inéditas), e cuja itinerância internacional a levou ao Kunsthalle de Hamburgo, ao Museu Carré d’Art de Nîmes, e ao Museu M de Lovaina, na Bélgica tendo terminado no passado mês de Outubro, em Lisboa, no Museu Berardo, Pedro Cabrita Reis, que ainda hoje se vê a si próprio essencialmente como um pintor, apresenta desta feita, na Galeria Fernando Santos, “Paisagens”.
“Paisagens”, obra recente e de pequeno formato de Pedro Cabrita Reis, é uma exposição mais intimista, contrária ao carácter territorial avassalador de grande parte das suas intervenções.
São universos contidos, matéricos, densos e espessos que nos remetem de imediato para paisagens exteriores, que nos impressionam os sentidos atraídos ‘para o fora’, mas que por acção de um duplo fenómeno de percepção, não deixam nunca de – e à semelhança do que sucede em toda a Obra de Cabrita Reis – nos trazer a consciência de estados de alma e paisagens interiores.
“- Olhai, olhai bem, mas vê-de.
Tal desafio, por ser impossível comunicar de outra maneira, é uma das marcas de água de Pedro Cabrita Reis.
Não conheço um trabalho seu que não exija isto e, se cumprirmos isto, encontraremos o entendimento do mundo. Pedro Cabrita Reis dá a ver, mas dá também a ouvir, a cheirar, a tocar, a topar de súbito com a evidência da nossa nudez essencial mostrando, ao mesmo tempo, as máscaras que a cobrem.
Exibe o cenário e o reverso do cenário, porque toda a pintura, ou o que lhe quiserem chamar, é igualmente uma profunda reflexão acerca da arte de pintar.”
António Lobo Antunes, 2010 in catálogo da exposição One After Another, a Few Silent Steps.
Nota Biográfica:
Pedro Cabrita Reis (Lisboa, 1956) iniciou o seu percurso artístico nos primeiros anos da década de oitenta.
Tem no desenho um referente técnico dominante – no sentido em que é no traçado das linhas que define a composição, as formas e os espaços das suas obras. E tem a pintura como território de afirmação – porque usa o tema da construção/desconstrução do mundo como a sua base discursiva. A partir do final dessa década, aborda a escultura e a instalação como destino inevitável.
Desde inícios da década de 90, o trabalho de Cabrita Reis gira em torno de temas como a construção e o território. Ao mesmo tempo que cria Obras baseadas em elementos do dia-a-dia, tais como mesas, cadeiras, portas e janelas, Cabrita Reis cria instalações de larga escala com estruturas imponentes e complexas que ocupam todo o espaço expositivo. Opõe ao clássico cubo branco o uso de paredes de tijolo maciças e objectos industriais tais como néons, grades de aço ou pranchas de madeira áspera. Pedro Cabrita Reis é um impulsivo coleccionador de fragmentos da civilização e de impressões sensoriais.
Como sucessões de imagens retinianas, tais estímulos visuais plantam a semente da ideia para uma das suas esculturas melancólicas e ou para uma nova pintura.
Como a Obra de muitos artistas contemporâneos, a de Pedro Cabrita Reis desenvolve-se em séries onde se repetem os temas básicos da sua poética segundo novas soluções técnicas e formais, e é nesses temas que podemos simular a existência de personagens especiais que levantam questões essenciais: o poeta, o pintor e o artista, o activista, o pensador – todos eles diversos e unidos nos traços de carácter do próprio Pedro Cabrita Reis.
Participou em importantes exposições internacionais, tais como a Documenta IX de Kassel, em 1992, nas 21a e 24a Bienais de São Paulo, respectivamente em 1994 e 1998, e no Aperto na Bienal de Veneza de 1995. Em 2003, representou Portugal na Bienal de Veneza. Desde então o seu trabalho tem sido exibido em exposições organizadas por diversos museus e centros de arte, onde destacam‐se: “Sometimes one can see the clouds passing by” na Kunsthalle Bern, 2004, “Stillness” no Camden Arts Centre em Londres, 2004, “True Gardens #3 (Dijon)” no FRAC Bourgogne em Dijon, 2005, “Pedro Cabrita Reis” no Museo d’Arte Contemporanea Roma, 2006, “La ciudad de adentro” na OPA em Guadalajara, 2007, “True Gardens #6” na Kunsthaus Graz, 2008, “Pedro Cabrita Reis” na Fondazione Merz em Turim, 2008, “La Línea del Volcán” no Museo Tamayo na Cidade do México, 2009, “Xe Biennale de Lyon ‐ The Spectacle of the Everyday” em Lyon, 2009, “Deposição” na Pinacoteca de São Paulo, 2010, “One after another, a few silent steps” na Hamburger Kunsthalle em Hamburgo, 2009, “One after another, a few silent steps” no Carré D’Art em Nîmes, 2010, “One after another, a few silent steps”, no M Museum em Leuven, 2011 e “One after another, a few silent steps” no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, 2011.