Fechar

Pedro Portugal – Eu Explico

21.04 29.05.2007
Galeria Fernando Santos
Partilhar
Pedro Portugal - Eu Explico
Pedro Portugal – Eu Explico – Galeria Fernando Santos, Porto

Pedro Portugal
Eu Explico

21 Abril a 29 Maio 2007

Pedro Portugal - Eu Explico

Eu Explico é o título explicadista atribuído para esta exposição por Rodrigo Almeida e Sousa. O Rodrigo também contribuiu com várias doxas em latim e diversos poemas expliques.
Inicialmente a exposição deveria chamar-se: “Eu sou uma pintura e faço pinturas. Vejam!”, imagem-título da minha filha Francisca Portugal para uma pintura. A Francisca também teve a ideia para a pintura “Lines” – uma assembleia das linhas utilizadas no léxico explicadista. Eu sou uma pintura… é a hiper-metáfora da arte e a síntese do princípio do explicadismo geral. O Rodrigo achava tão simplesmente que eu devia ser autoritário e arrogante e dizer: EU EXPLICO…
Não sou bem eu que explico nem há uma acção autoritária no explicadismo.
Mas o que é o explicadismo?
O Explicadismo explica o que é a arte para que não seja preciso explicar a arte e para que servem as suas definições.
Nesta teoria intervêm ARTOMS, NARTUR, ARTÓRIA, ARTOGRAFIAS e a matéria da Arte que é a ARTÉRIA.
Na pintura “Eu sou uma pintura e faço pinturas. Vejam:” ou na pintura “AUTOTO”, está demonstrado em imagem como é necessário para a arte desembaraçar-se das arquitecturas discursivas de Platão a Aristóteles e aos múltiplos e infindáveis sucessores/comentadores que secularizaram folcloricamente essas construções interpretativas.
A pintura antecede, em muito no tempo e no espaço, a filosofia ou qualquer outro tipo de explicação incluindo a religião. A pintura é suficientemente eficaz como Imago para chamar a si fortes atenções e, por isso, para o explicadista não é definitivo que tenha sido substituída por outros media.
Importa apenas reter isto e não mais do que isto: A pintura refere-se à pintura que é ela própria feita de si mesma e que replica a sua existência (ARTOM), diferindo apenas na experiência de quem a faz (ARTOID) e na dinâmica da observação orbital de quem a vê (CULTURATI). As pinturas explicadistas são feitas de arte, com arte, por artistas, falam sobre arte e explicam-se a si próprias. A arte per se com a perda de sentido e do conhecimento de si mesma. Uma pintura é uma pintura é uma pintura.
A palavra Explicadismo foi inventada por Adriana Alcântara. A Adriana participou igualmente na afinação teórica e na inserção de stamp-concepts no conjunto das pinturas agora em exposição.
Inelutavelmente a necessidade de um método explicante deveu-se a uma encomenda de um cliente, o Artur Lourenço. O pedido era invulgar e muito naturalmente passível de ser ignorado: “Quero que me pintes uma versão do Jardim das Delícias de Bosch para pôr no meu hotel em Borba!”.
Telefonei, passado um ano, dizendo-lhe que, afinal, era possível porque a pintura seria executada com o novo método “gymnovisual” (ver-nú) explicadista.
O explicadismo, aplicado à arte, produziu o efeito de uma assombrosa descoberta. Pedro Proença escreveu 250 páginas pavimentadoras do explicadismo geral com back up dos filósofos que vestem a compreensão da Arte: Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Plotino, Vico, Hegel, Nietzsche, e depois o problemático séc. XX por causa dos ready mades e da abstracção com, Heidegger, Wittgenstein, Barthes, Foucault, Deleuze, Derrida, Dawkins e Pinker, entre outros queridos.
O Jorge Ramos do Ó divulgou e entusiasmou académicos a lançarem a investigação sobre o assunto e escreve neste catálogo algumas ideias sobre o explicadismo generalis e o que ele gostaria que fosse a pintura.
Claro que a exposição foi adiada um ano, fundamentalmente porque a formação do vocabulário explicadista exigia tempo para se tornar operativo visualmente e para ser priápico no plano teórico.
A execução técnica das pinturas esteve parcialmente a cargo dos dedicados assistentes: Bodil Eide, Gabriel Abrantes, Alexandre Lopes, Katie Widloski, Rita Afonso e Omar Fimitos.
Isabel Portugal, Branca Portugal e Sertório Andrade contribuíram também de uma forma inestimável.
A Feirexpo assegurou os transportes e carpintaria dos trípticos.
Vénia pelas sábias doxas sobre zographia do Joaquim Oliveira Caetano.

Um agradecimento particular à Fundação D. Manuel II pelo gentil empréstimo do antigo Hotel Bragança para atelier.
Um grande obrigado ao meu amigo Fernando Santos que demonstrou, sem reservas, confiança e entusiasmo pelo produto e modo de produção de uma coisa que é uma causa explicar.

Pedro Portugal,
Lisboa, Março de 2007

Pedro Portugal (1963)
Vive e trabalha em Lisboa.

Artisticamente desenvolve pensamento e actuação em defesa de uma arte boa, bonita, libertária e com capacidades revolucionárias.
É professor de Pintura Avançada e Demiúrgia Artística na Universidade de Évora.
Frequência do curso técnico de Construção Civil na Escola Industrial e Comercial de Castelo Branco, 1976/7.
Muda-se para Lisboa em 1978 e frequenta até 1980 a Escola António Arroio.
Faz o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1980/85).
É co-fundador com Ivo, Xana, Pedro Proença e Manuel Vieira, em 1982, do movimento artístico pós-paradoxológico “Homeostética”.
Primeira exposição individual em 1985 na Galeria Módulo, Lisboa.
É eleito presidente da Associação de Estudantes da ESBAL, 1984/85.
Em 1986, participa na exposição “Continentes”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa – última acção do movimento Homeostética.
Bolseiro da Fundação Luso-Americana para uma viagem de estudo a Nova Iorque, 1989.
É co-fundador da perplexidade “Ases da Paleta”, 1989, Galeria Quadrum, Lisboa.
Membro da Comissão Promotora do I Encontro de Artistas Plásticos, Ritz, Lisboa (1990).
Realiza a escultura efémera “Eucalipto-Homenagem”, 1991, 12 x 0,50 m, Rotunda do Aeroporto, Lisboa, um eucalipto plantado com a raíz para cima (destruído).
A obra “Sala de Brincar”, 1992, cria atrito diplomático pela associação de uma imagem de Cavaco Silva com a indústria florestal em Portugal. Tríptico, Europália, SMAK, Gent.
Co-fundador em 1992 da “Associação para a Investigação Etno-Estética”, registo e categorização do gosto público em Portugal.
Dirige o Centro Cultural de Lisboa entre 1993 e 1994, Galeria Valentim de Carvalho, Lisboa.
Desenha a arquitectura do site da candidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República Portuguesa em 1995.
Apresenta a 2/96 no Forum Telecom, Lisboa, em videoconferência (Lisboa- Porto – Paris) o projecto on-line “Últimas Pinturas”.
Realiza para o “Projecto Além da Água”, Distrito de Beja, 1996, três peças: “Pivot”, Beja, “Neve”, Mértola e “Água de Alqueva”, Mértola. Água de Alqueva, uma garrafa em mármore com 3 metros, envolveu uma acção judicial pela posse da obra que chegou ao Supemo Tribunal de Justiça (processo ganho a favor do artista).
Dirigiu a campanha eleitoral de Manuel João Vieira para a Presidência da República Portuguesa em 2001.
Membro da Direcção do MACE – Movimento Para a Arte Contemporânea em Évora 2000/2002
Organiza em 2003 a apresentação no Hotel Pestana Palace, Lisboa, do Simpósio Internacional sobre a potencialidade de fazer uma cidade famosa sem um Museu de Arte Contemporânea: EVER EVORA. Com Hans Ulrich Obrist, Stéphanie Moisdon, Pierre Bismuth e Michelle Nicol.
A convite da Presidência da República Portuguesa é comissário para a exposição Pørtugål 30 under 40, Stenersen Museum, Oslo, 2004. São mostradas obras de trinta artistas portugueses com menos de 40 anos.
6=0. Comemoração dos 20 anos do movimento Homestética, Museu de Serralves, 2004. Organiza a conferência “A Economia do Artista Desconhecido” com Ina Blom e Lars Bang Larsen.
Academia: é Professor Auxiliar Convidado no Departamento de Artes Visuais da Universidade de Évora.
Consultadoria: Consultor para a Colecção de Arte Contemporânea da Portugal Telecom (Fundação Portugal Telecom), desde 1997.
Prestação artística: é reconhecida a mestria nas técnicas da Aguarela, Pinturas de Arte, Escultura Institucional, Monumentos Heróicos, Entertainment Architecture, Video Art, Design, Fotografia e Performance.
Obras de sua autoria estão representadas nas principais colecções públicas, institucionais e privadas em Portugal.
Colecção privada da Rainha Sonja da Noruega.