Ray Smith
Novos Cadáveres Exquisitos e Outros Sonhos
12 Janeiro | 27 Fevereiro 2008
“…A maior parte da imagens apresentadas por Ray Smith nesta exposição aproximam-nos dos processos de “cadavre exquis” ou, pela lógica solitária que preside exercício de um pintor, pode aproximar-nos dos jogos do “cut up”. Esta é a encenação desejada do seu discurso.
De facto, devemos entender as sua obras como simulações longamente trabalhadas em atelier.
Simulacros de um simulacro, extensa teoria de imagens fragmentares que surge como expressão da realidade também fragmentar que domina todos os níveis da contemporaneidade…”
“…Esta exposição é fundamentalmente, nos seus núcleos mais expressivos, uma exposição de retratos e de figuras. Estabelece-se assim um forte intimismo entre a representação e o espectador…”
“…Não esconde a vocação monumental do conjunto, contudo, composições, narrativas e espacialidades mais complexas, e as dimensões capazes de as exprimir, são substituídas por uma extensa galeria de rostos e corpos em
situações frontais com uma envolvência cenográfica apenas apontada…”
“…A cultura americana (realista ou Pop) e a cultura mexicana (popular ou do muralismo) coincidem num ponto decisivo, que atribui às imagens um lugar central no sistema de entendimento e explicação do mundo: lugar de exibicionismo da realidade, no capitalismo triunfante; ou lugar de uma realidade situada para além da realidade imediata, garantida pelo mundo dos sonhos ou da religiosidade popular.
Rodeados de “cadáveres esquisitos” (tradução verdadeiramente “surrealista” que os surrealistas portugueses acharam para o termo francês original) percebemos quão des-humana se tornou a nossa humanidade – e, talvez, de que modo poderemos reconstruir o mundo a partir dos seus fragmentos.”
João Lima Pinharanda
Dezembro de 2007