Ricardo Jacinto / Beatriz Cantinho
10 a 24 Março 2012
Project Room
Eye Height é uma performance-instalação que se baseia numa premissa inicial: um objecto coreográfico (Beatriz Cantinho) que activa um dispositivo cenográfico e instrumental (Ricardo Jacinto).
Este dispositivo apresenta-se como um palco de 6×6 metros, composto por 9 módulos construídos em madeira. Este objecto comporta-se como uma caixa de ressonância para os ruídos provocados pela fricção e percussão dos corpos que se deslocam deitados na sua superfície. A acção dos corpos é ‘auscultada’ pelas caixas de ressonância, que amplifica esse ruído, e induz também a vibração dos conjuntos de cordas que ressoam na base de 6 desses módulos. Deste modo é criado uma espécie de ‘manto sonoro’ de afinação definida, com relações harmónicas dependentes da posição dos bailarinos, sobre o qual surgem os ruídos mais percussivos dos corpos em movimento.
O movimento desenvolve-se dentro de estruturas de improvisação pré-estabelecidas ao nível das dinâmicas e características, não estando sujeito a uma predeterminação coreográfica propriamente dita. A funcionalidade do movimento na ativação das capacidades sonoras do dispositivo é também determinante para a sua caracterização. Os músicos servem-se das mesmas orientações estruturais, desenvolvendo numa lógica de improvisação livre, um léxico sonoro que se articula com os sons produzidos pelos bailarinos no “palco”, tanto na sua dimensão harmónica como na mais percussiva e ruidosa. A horizontalidade dos corpos e a correspondência da altura do palco à linha do olhar do público, convoca a imagem de paisagem e intensifica a percepção e a concentração do olhar no movimento conjunto.
A “paisagem”, neste sentido, é conseguida a partir de transformações visuais e/ou auditivas, sempre mergulhadas na noção de um evento conjunto, marcado pela singularidade de cada performer.
Breve nota biográfica
Ricardo Jacinto, nasceu em Lisboa, em 1975. Concluiu o curso de escultura e o curso avançado de artes plásticas no AR.CO e é licenciado em arquitectura pela FAUTL.
Foi estudante em intercâmbio na School of Visual Arts em Nova Iorque, estudou música no Hot Clube de Portugal e composição musical na Academia de Amadores de Música. Desde 1998 tem apresentado o seu trabalho em exposições, concertos e performances em Portugal e no estrangeiro. Tem desenvolvido uma intensa actividade de colaboração com outros artistas plásticos, coreógrafos, músicos e performers. É representado desde 2002 pela Agencia de Arte Vera Cortes e é professor na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e na Universidade Lusófona em Lisboa. Tem leccionado workshops a crianças e jovens em Escolas e diversas instituições culturais.
Da sua obra destaca-se o projecto PARQUE, desenvolvido desde 2001 em colaboração com outros artistas e músicos [www.parque.biz] e o projecto EYE HEIGHT [www.eyeheight-project.com] dirigido em conjunto com a coreógrafa Beatriz Cantinho. Apresentou o seu trabalho em exposições individuais e colectivas como: Project Room CCB_Lisboa, Circulo de belas Artes de Madrid, MUDAM_Luxemburgo, Centre Culturel Gulbenkian_Paris, MANIFESTA 08_Bienal Europeia de Arte Contemporânea em Itália, Frac Loraine-Metz, OK CENTRE_Linz_Austria, CHIADO 8_Culturgest_Lisboa e Casa da Música no Porto. Projectou em co-autoria com o Arq. Pancho Guedes a instalação Lisboscópio para a Representação Oficial Portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza 2006. Na Culturgest (Lisboa) apresentou em 2008 a exposição EARWORM onde mostrou um corpo muito significativo do seu trabalho desde 1998.
Como violoncelista tem colaborado, na área da musica improvisada, com vários músicos e formações (Nuno Torres, Ernesto Rodrigues, Ricardo Guerreiro, C Spencer Yeh, Travassos, Shiori Usui, Manuel Mota, Variable Geometry Orchestra, PinkDraft, Cacto). Em 2009 editou um disco em dueto com Nuno Torres (CACTO) e editou as “Peças para Piano Mecânico e Voz” do projecto IN A REAR ROOM . Gravou com Greg Peterson e Diego Armés nos seus álbuns de estreia.
Apresentou o seu trabalho como músico performer no Festival VERBO Galeria Vermelho_São Paulo, Festival Temps d´Images_Lisboa, Festival Rescaldo_Lisboa, Festival BigBang_CCB_Lisboa, Culturgest, Porto e Lisboa, ZDB_Lisboa, Dance Base_Edimburgo, Kabinett 0047_Oslo_Noruega_Fundação Calouste Gulbenkian, entre outros.
Beatriz Cantinho, frequenta actualmente o Doutoramento em Dança/Estética no Colégio de Artes de Edimburgo. “Visiting Scholar” na NYU/TISCH (Departamentos de Performance e Cinema) 1_ Semestre 2010/2011. Mestre em Filosofia/Estética pela U.N.L sob orientação do filósofo José Gil. Licenciada em Dança pela E.S.D. Estágios profissionais: Companhia Royal de Luxe e Teatro Noh no Kyoto Art Center. Desde 1997 desenvolve trabalho em Dança, Teatro e Artes Plásticas com trabalhos de sua autoria (“Parde2”, “Scch…um ensaio sobre o silêncio”, “Peça Veloz Corpo Volátil”) e/ou em colaboração com outros artistas (Herwig Turk, Valério Romão, Ricardo Jacinto, Vangelis Lymporidis, Shiori Usui, entre outros), trabalhos apresentados tanto em Portugal como no estrangeiro.
Apresentações em contexto académico:
Universidades de Edimburgo, Cambridge, Surrey e Chelsea College of Art.