Rui Sanches
Obra Recente
4 Junho a 30 Julho 2011
Após Museum 2 apresentada em 2008 na Galeria Fernando Santos, que, a par das notáveis exposições no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa e Convento de Santo António, Loulé no âmbito do programa Allgarve, lhe valeram o Prémio AICA/MC (Associação Nacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura) em relação às quais foi sublinhada uma particular capacidade de dialogo com os espaços arquitectónicos, Rui Sanches regressa à galeria apresentando obra recente.
A escultura de Rui Sanches procede por camadas. São formas estratificadas que têm vindo a transformar-se ao longo do tempo, subvertendo a dimensão arquitectónica, e que têm vindo a tornar-se progressivamente mais orgânicas.
Os volumes da escultura de Rui Sanches encontram modulações que os fazem aproximar da plasticidade orgânica do corpo.
Paralelamente, desenvolve, e desde o início, trabalho em desenho, como forma de resolver no suporte bidimensional questões próximas das que tratou em escultura. onde procura evidenciar o diálogo entre as duas formas de arte (desenho e escultura).
Nota Biográfica
Rui Sanches (Lisboa, 1954), vive e trabalha nessa cidade.
Após ter frequentado o curso de Medicina do qual desistiu para ingressar no Ar.co, desenvolveu a sua formação posterior na área artística durante os anos 70 em Londres, onde se formou com distinção, e onde, a par da sua passagem por Nova Iorque, contactou com um contexto mais favorável à experimentação:
Durante os três anos de formação em Londres, num sistema de ensino centrado no trabalho de atelier, passa por diversas experiências, que corresponderam à descoberta da arte contemporânea, de que em Portugal tinha apenas ecos longínquos. Deixa de pintar e passa, durante esse tempo de experimentação, por meios e linguagens diversas. A partir de meados de 1979 começa a realizar instalações que materializam o seu interesse por questões como o tempo, o processo, a história. Frequenta com grande assiduidade os museus da cidade, nomeadamente a National Gallery of Art.
No Goldsmiths’ College contacta com diversos artistas e historiadores que tiveram importância na sua formação, nomeadamente: Michael Craig-Martin, Yehuda Safran, Richard Wentworth, Tony Cárter e Sarat Maraj.
A convite de Pedro Cabrita Reis, que conhece numa passagem por Lisboa, colabora com a revista Arte-Opinião. publicada pela associação de estudantes da ESBAL. Envia uma série de “Cartas de Londres” onde dá conta das principais exposições que pode ver naquela cidade.
Devido ao seu interesse crescente pela arte americana, concorre ao MFA (Marter of Fine Arts) da Universidade de Yale, onde é aceite. Parte para os Estados Unidos em Agosto de 1980, com uma bolsa de estudos da Fundação C. Gulbenkian. O ambiente da universidade é particularmente estimulante; não só pelas boas condições de trabalho como pelo contacto que permite entre os vários departamentos da escola de arte (pintura, escultura, arquitectura, design, etc), e entre estes e as outras escolas da universidade. A proximidade de Nova Iorque permite-lhe seguir o que de mais importante se passa nos museus e galerias da cidade. Durante estes dois anos o seu trabalho centra-se, de forma mais clara, sobre a escultura, e começa a utilizar a madeira e os seus derivados como principal material de construção. A figura do artista convidado, central para o sistema de ensino praticado nas escolas de arte americanas, permite-lhe contactar com artistas como Donald judd, Vito Aconcci, George Trakas e Barry lê Vá. Na exposição de finalistas apresenta uma escultura baseada numa obra de Nicholas Poussin: A Sagrada Família nos degraus.
Regressa a Lisboa em Junho de 1982. No ano lectivo 1982-83 começa a dar aulas no Ar.Co. Durante esse ano ensina também no IADE, como assistente de Espiga Pinto. Começa a trabalhar usando como atelier a cave da casa dos seus pais. Colabora na revista Destaque onde tem uma coluna sobre artes plásticas. Em 1 983 expõe pela primeira vez em Lisboa, no Ar.Co, numa exposição de trabalhos dos professores do departamento de desenho.
Realiza a primeira exposição individual, em Maio de 1984, na Galeria de Arte Moderna da SNBA – “janelas, mapas, espelhos”, desenhos. Conhece Pedro Calapez, que lhe propõe fazer uma exposição na Cooperativa Diferença. O projecto foi aceite pela direcção da cooperativa e em Outubro desse ano realiza “Et in Arcádia Ego, etc.”, exposição composta por seis esculturas e relevos.
Junta-se a Ana Léon, José Pedro Croft, Pedro Calapez, Pedro Cabrita Reis e Rosa Carvalho na preparação da exposição ‘Arquipélago”, que terá lugar no Outono de 1985 no salão da SNBA.
A convite do Arq. Sommer Ribeiro participa na exposição “Lê XXème au Portugal”, que tem lugar em Bruxelas. No fim de 1986 começa a trabalhar com a Galeria EMI-Valentim de Carvalho.
Seleccionado por José Sommer Ribeiro, integra a representação portuguesa à 1 9.a Bienal de São Paulo [fig. 9], que tem lugar em Outubro de 1987. Participam também Teresa Magalhães, Joaquim Bravo, Pedro Calapez e José Pedro Croft. Realiza uma exposição individual na Galeria Diferença, intitulada “Preto e branco”. Passa a ter atelier na Made-ln, em Alenquer, fábrica de processamento de pedra comprada por Cristina Ataíde, José Pedro Croft, António Campos Rosado e João Taborda.
Em Janeiro de 1991 realiza a exposição “Desenhos” no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, que inclui uma selecção de desenhos realizados entre 1982 e 1990. Expõe em Roma, na Galleria Stefania Miscetti, um grupo de esculturas e desenhos. Começa a trabalhar com a Galeria Cómicos, onde expõe pela primeira vez no fim de 1991. Realiza uma peça, ‘Anunciação”, concebida especificamente para o espaço do Museum van Hedendaagse Kunst Ghent, por ocasião da Europália 91.
Ainda no âmbito da Europália 91, participa numa série de Livros de Artistas, organizada por Alexandre Melo, em que colabora com o poeta Joaquim Manuel Magalhães no livro “Sloten”.
Realiza a sua primeira escultura num espaço público em Santo Tirso. Esta peça, “Um espaço para Santo Tirso”, foi executada durante o simpósio de escultura de Santo Tirso, uma realização bianual coordenada por Alberto Carneiro. Em Julho de 1994 começa a trabalhar como Director-Adjunto do CAMJAP da Fundação Gulbenkian.
Em Setembro de 1998 deixa o CAMJAP voltando a dedicar-se a tempo inteiro ao trabalho de atelier.
Recomeça a trabalhar no Ar.Co, onde passa a dirigir o Departamento de Escultura.
A Fundação Calouste Gulbenkian organiza uma exposição retrospectiva do seu trabalho, que tem lugar no Centro de Arte Moderna em Abril de 2001. Nesta exposição são mostrados trabalhos feitos entre 1983 e 2001. Convidado por Aurora Garcia participa na exposição “Dentro y Fuera” em Cáceres, Espanha, onde apresenta uma peça feita propositadamente para o claustro de um palácio daquela cidade.
Em Abril de 2003 é inaugurada uma escultura feita em aço Cor-ten, que foi encomendada pela cidade espanhola de Alcobendas para um jardim duma nova zona residencial no âmbito da iniciativa “Arte en Alcobendas”, em que foram encomendadas esculturas a dez artistas internacionais
O Centro Cultural Gulbenkian de Paris expõe, em 2004, um grupo de desenhos recentes acompanhados de uma escultura da colecção do CAMJAP da Fundação Gulbenkian. Por iniciativa do IPPAR realiza no Palácio de Queluz uma exposição intitulada “Luzes” onde se incluem um grupo de esculturas e desenhos, feitos entre 1984 e 1990, em que a luz tem uma presença real ou é tema explícito da obra. No âmbito da comemoração dos Cem Anos da Sala de Sessões da Assembleia da República, é-lhe encomendada uma escultura, que ficará colocada com carácter permanente na zona de entrada do novo edifício da Assembleia. A peça intitulada “Colunata” baseia-se na relação entre a coluna e a colunata neo-clássica com a iconografia associada à democracia e ao parlamentarismo.
Em 2006 é convidado a participar num concurso para a execução de um troféu a entregar ao vencedor do Prémio Electricidade e Ambiente. O seu projecto é seleccionado e executado em cristal soprado e madeira. Expõe em Junho uma série de desenhos intitulada “Sólido e Líquido” no Museu do Porto Santo. Em Outubro uma das suas obras de 1985 “Retrato de Pintor”, é incluída na exposição “Anos 80: uma Topologia” no Museu de Serralves.
Exemplos do seu trabalho de escultura são incluídos nas exposições: “3 D, Escultura da Colecção Berardo na Assembleia da República” e “50 Anos de Arte Portuguesa” na Fundação Calouste Gulbenkian.
É, em 2008 agraciado com o Prémio AICA/MC (Associação Nacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura) pelas notáveis exposições em relação às quais se pode sublinhar uma particular capacidade de dialogo com os espaços arquitectónicos, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Galeria Fernando Santos, Porto e Convento de Santo António, Loulé no âmbito do programa Allgarve.