A Fundação Calouste Gulbenkian apresenta a exposição “Tudo o que eu quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, que reúne duas centenas de obras de 40 artistas portuguesas produzidas entre o início do século XX e os nossos dias. A exposição, incluída no Programa Cultural da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, inaugura a 2 de Junho e fica patente até 23 de Agosto. A curadoria está a cargo de Helena de Freitas e Bruno Marchand.
O icónico autorretrato de Aurélia de Souza, pintado em 1900, é o ponto de partida para uma reflexão sobre um contexto de criação que durante séculos foi quase exclusivamente masculino. A exposição segue um conjunto de eixos que revelam uma vontade de afirmação das artistas perante os sistemas de consagração dominantes: o olhar, o corpo (o seu corpo, o corpo dos outros, o corpo político), o espaço e o modo como o ocupam (a casa, a natureza, o atelier), a forma como cruzam fronteiras disciplinares (a pintura e a escultura, mas também o vídeo, a performance, o som) ou a determinação com que avançam na utopia de uma construção transformadora, de si mesmas e daquilo que as rodeia.
O título da mostra, Tudo o que eu quero — Artistas portuguesas de 1900 a 2020, inspira-se em Lou Andreas-Salomé, autora que desenvolveu uma das mais notáveis reflexões sobre o lugar das mulheres no espaço social, intelectual, sexual e amoroso dos últimos séculos, situando, assim, as artistas selecionadas no espírito de subtileza, de afirmação e de poder. Contra todos os obstáculos, estas artistas de várias gerações e diferentes sensibilidades conquistaram o seu lugar, pela força da qualidade das suas propostas. Celebrar esta conquista exige resistir à abordagem ilustrativa que uma representação genérica (mulheres artistas) e nacional (portuguesas) sugere. Mas obriga também a que não esqueçamos que, em pleno século XXI, nada está consolidado no que à igualdade de género diz respeito, que estas obras são instâncias de um longo esforço coletivo pelo direito à existência artística plena.
Partindo deste pressuposto, a exposição contribui para sublinhar a importância do reforço do modelo social europeu, umas das prioridades centrais da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, cuja concretização passa também pelo combate às desigualdades e pela valorização da Mulher Artista.
Esta exposição é uma iniciativa do Ministério da Cultura com projeto curatorial da Fundação Gulbenkian. Exibida agora, pela primeira vez, por ocasião da Presidência Portuguesa, será, em 2022, apresentada no Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, no âmbito do programa geral da Temporada Cruzada Portugal-França.
ARTISTAS
Aurélia de Sousa, Mily Possoz, Rosa Ramalho, Maria Lamas, Sarah Affonso, Ofélia Marques, Maria Helena Vieira da Silva, Maria Keil, Salette Tavares, Menez, Ana Hatherly, Lourdes Castro, Helena Almeida, Paula Rego, Maria Antónia Siza, Ana Vieira, Maria José Oliveira, Clara Menéres, Graça Morais, Maria José Aguiar, Luísa Cunha, Rosa Carvalho, Ana Léon, Ângela Ferreira, Joana Rosa, Ana Vidigal, Armanda Duarte, Fernanda Fragateiro, Patrícia Garrido, Gabriela Albergaria, Susanne Themlitz, Grada Kilomba, Maria Capelo, Patrícia Almeida, Joana Vasconcelos, Carla Filipe, Filipa César, Inês Botelho, Isabel Carvalho, Sónia Almeida.
Fonte: Fundação Calouste Gulbenkian