Fechar

João Louro – De revolutionibus orbium coelestium

14.01 04.03.2023
Galeria Fernando Santos
Partilhar
João Louro, “Blast #19”, 2018, Grafite sobre tela bordada, 44,4 x 53cm (Créditos fotográficos: Bruno Lopes)

Esta exposição procurou na essência do livro “Das Revoluções das Esferas Celestes”, a sua origem.

Trata-se de um livro guia que, quando foi publicado em 1543, marcou não só uma época, mas comprometeu o saber e a crença, iniciando uma revolução profunda. Foi o começo de uma mudança radical em que o universo geocêntrico ou antropocêntrico, que estabelecia o Homem como o centro do universo e a Terra como eixo central, com o Sol e todos os outros planetas conhecidos a girar à sua volta, acabava por sucumbir às mãos da ciência. Foi este o primeiro pensamento que destronou não só o Homem do seu lugar privilegiado, onde a religião o tinha colocado, como obrigou a repensar toda a astronomia com as inevitáveis consequências.

Na altura da publicação do livro, a desconfiança foi total. Foi considerado um livro perverso e de pensamento subversivo; foi por isso desacreditado pelos representantes do clero, pela profunda interferência que exerceria na crença, minando os pilares da religião católica.

Lutero referiu que, com este pensamento o Homem já não seria o centro de todas as coisas, como era à imagem de Deus, mas um ser periférico, entre as coisas.

Esta exposição é sobre essa periferia na qual vivemos, um local para o qual a ciência nos enviou sem qualquer redenção. Mas se é uma exposição que aborda o pensamento emitido desde esse local periférico (e não existindo outro), há também uma parte desse pensamento que procura um ajuste de contas com o passado, um pensamento calibrado ao desejo de emanação, a partir de uma periferia moral, privilegiada e punitiva. Esta exposição é também sobre essa dúvida proveniente da emanação.

Para isso foram recolhidos factos e ideias provenientes de um domínio ainda mais afastado e amoral, que é o da queda e o do desamparo, mas que olha o mundo de forma distante, de olhos fechados ao ruído, no silêncio da queda ou na ascensão da metalinguagem.